Na vida, há um tempo para tudo e tudo necessita de tempo!
Desde o início que o Projecto Rua assenta a sua intervenção na relação personalizada, na proximidade e no “ir ao encontro e estar com”, aliando a afetividade à técnica, apostando no empowerment e na participação. Assim, esta é a bússola que, desde 1989, tem guiado o trabalho com crianças, adolescentes, jovens e suas famílias.
Podemos hoje dizer que esta forma de estar na intervenção social, continua profundamente atual!
A equipa do Centro de Educação e Formação, através do trabalho individual e do treino de competências pessoais e sociais, tem tido a possibilidade de experienciar precisamente isso.
O sucesso da intervenção, para além do uso do lúdico como uma ferramenta de trabalho, passa, ainda, pela relação que os elementos da equipa estabelecem com cada jovem ou família. Vários são os estudos e as teorias acerca da importância das relações humanas no desenvolvimento da criança e do jovem.
John Bowlby, (psiquiatra e investigador britânico, do século XX), foi um dos primeiros a revelar a importância das relações estabelecidas entre pais e filhos, ou entre a criança e os seus cuidadores.
Para este autor, a vinculação é uma relação emocional profunda e duradoura que liga uma pessoa a outra no tempo e no espaço, defendendo, ainda, que os seres humanos nascem com um sistema psicobiológico, ou seja, sistema comportamental de vinculação que os motiva a procurar proximidade das figuras de vinculação (Bowlby, 1956).
Nas atividades que desenvolvemos com os jovens temos sempre a preocupação de ir ao encontro dos seus interesses e fomentar a sua participação e envolvimento. Em simultâneo, constitui também uma estratégia de promover e consolidar a relação empática com a equipa. Assim, através de uma sessão de treino de competências pessoais e sociais, de uma visita lúdico- pedagógica, de uma atividade desportiva ou de um atelier, como, por exemplo, a pintura de uma tela, o que verdadeiramente conta é o momento privilegiado de partilhar algo acerca da sua vida com o técnico em quem se confia e de quem se espera uma palavra de reforço e encorajamento.
É nestes pequenos grandes passos que, com o tempo, se ganha confiança no outro e em si mesmo e, tantas vezes, se trilham novos rumos na vida!
Bowlby, J. (1956). The growth of independence in the young child. Royal Society of Health Journal, 76, 587-591.