No âmbito da disciplina de Homem e Ambiente – Ciências Sociais – os jovens da turma da E2O de Marvila foram desafiados a escrever um texto descritivo da rua/bairro onde vivem.
Esta tarefa que está enquadrada no projeto “Da Janela da Minha Casa”, convidou cada um dos jovens a recorrer à sua memória mais viva.
Com um olhar atento, um dos jovens, o João*, presenteou a turma com uma descrição do seu bairro: um bairro com história, com um presente vivo e um futuro promissor à sua frente.
“Chelas é um bairro muito grande com várias zonas, que identificam como sendo a “capital” de Lisboa e a capital de Portugal é Lisboa. Chelas contém 6 zonas: Zona M, Zona J; Zona I; Zona L; Zona N1; Zona N2.
Eu moro na Zona J, um bairro mais problemático, mas ao mesmo tempo tranquilo, onde todos se tratam como família, mas também tem o ditado de “cada um por si”, e cada um segue o seu caminho, a sua escolha, o seu sonho.
O bairro tem muito “poder”, como o tráfico de drogas, armas, etc. e cada pessoa no bairro, respeita os outros. No bairro as crianças gostam muito de jogar futebol no campo ou mesmo no parque. Já os adolescentes não costumam parar muito no bairro, pois gostam de ir a festas ou muito raramente para ao pé do campo. Os adultos gostam de parar em cafés e esplanadas.
Na Zona J há vários cafés como o “Cantinho da Cat”, o “Sousa”, o “Hélder”, o “Bar da Liga”, entre outros. Na Zona J só há um restaurante que se chama “Li Ki Terra”, há dois bancos, duas farmácias, dois campos de futebol de rua e um supermercado e, ainda meios hospitalares.
A Zona J teve e tem grandes estrelas de futebol, como o Miguel, já reformado, o Afonso Serra, atualmente jogador de futsal da Seleção Nacional e o futuro jogador do Clube Feyenoord Rotterdam, Guilherme Yannick.
Também teve grandes artistas de música e atores como o Bruno Candé, ator falecido pelo racismo, Beto Di Ghetto, cantor de Hip Hhop e Rap Crioulo, também já falecido, e os recentes artistas: Dezinho G, Bataclan, Mc Bambam, Nine’O Five Gang, Thugz, entre outros.”
João*, Dezembro de 2024
Cada um de nós tem a sua perspetiva do mundo e do ambiente onde vivemos e crescemos, condicionando as nossas vidas e o posicionamento perante os outros e a sociedade.
A intervenção psicossocial, com recurso a atividades ludicopedagógicas, às artes e a equipamentos culturais, por exemplo possibilitam o conhecimento de realidades que, até então, podiam ser desconhecidas, mas que sabemos terem impacto positivo no desenvolvimento psicossocial do ser humano.
A Escola de Segunda Oportunidade aposta diariamente neste tipo de atividades, bem como na relação de confiança e proximidade com cada um dos jovens, acreditando que podemos fazer a diferença nas suas vidas!
*nome fictício
