“A Realidade (In)visível: Jovens Enfrentam a Vida nas Ruas” 

No âmbito da intervenção com crianças e jovens em contexto de rua, a equipa tem vindo a constatar através dos giros  realizados pela cidade de Lisboa que o número de jovens adultos em situação de sem abrigo tem aumentado, realidade confirmada, segundo o relatório mais recente da PORDATA.  

Uma parte significativa dos apelos que recebemos referem-se a raparigas, dos 18 aos 24 anos, cujas principais causas estão relacionadas com a rutura familiar, vivências de aventura e risco e a não aceitação da medida de acolhimento.  

De referir que à maioria destas jovens foram aplicadas medidas de promoção e proteção, designadamente o acolhimento residencial.   

Quando um jovem é acolhido sente uma multiplicidade de emoções. Inicialmente, pode haver um sentimento de alívio por estar num ambiente mais seguro e estável, no entanto, também é comum sentir medo e ansiedade devido à mudança e ao desconhecido.  

A saudade de casa e a sensação de perda são frequentes e a adaptação a novas regras e rotinas pode ser desafiador.  

Para alguns jovens a conjugação destes fatores manifesta-se decisiva para efetuarem saídas não autorizadas.  

Uma vez atingida a maioridade, recusam a continuidade desse acompanhamento e, sem suporte familiar, passam a sobreviver na rua,muitos enfrentam sentimentos de solidão, medo e insegurança. A ausência de um ambiente familiar estável pode levar a uma sensação constante de vulnerabilidade e desamparo. A instabilidade face a recursos básicos como a alimentação, higiene e a saúde, podem agravar ainda mais o sofrimento físico e emocional.  

Estes jovens “sem sentido de pertença” vivem a incerteza do dia a dia, existindo estudos que comprovam que as pessoas em situação de sem abrigo podem desenvolver perturbações do foro psicológico.  

A exposição contínua a situações de violência, privação de sono e falta de apoio social pode exacerbar sintomas de ansiedade e depressão.  

Atendendo às caraterísticas destes jovens, impõe-se a criação de respostas adequadas que promovam a sua integração para que não se perpetuem no tempo estas vivências de rua.  

É importante lembrar que cada indivíduo tem uma experiência única e pode encontrar formas de resiliência e esperança, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

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