O pedopsiquiatra Dr. João dos Santos – um dos meus mestres e profissional muito marcante na formação de muitos técnicos de Saúde Mental em Portugal— sempre teve a “utopia” da criação de um Instituto da Criança, entidade que considerava crucial para a defesa da causa dos mais novos. Em 1983, o seu sonho tornou-se realidade, com a criação do Instituto de Apoio à Criança (IAC), que desde sempre contou com o entusiasmo, perseverança e humanismo da sua fundadora, Dra. Manuela Ramalho Eanes.
Ao longo destes cerca de 25 anos, o IAC teve uma acção notável na defesa dos direitos das crianças portuguesas, que se manifestou de muitos modos: desde a divulgação dos direitos das crianças, ao trabalho no terreno junto de menores em risco e em perigo e à intervenção junto de escolas e de instituições para jovens. A sua acção caracteriza-se por um elevado sentido de participação cívica dos seus técnicos e por uma atitude de cooperação com outras organizações similares, quer nacionais quer estrangeiras.
Entre as muitas iniciativas que organizou, destaco a criação da Linha SOS Criança, a luta pela humanização dos hospitais, o trabalho com crianças de rua e a criação, em muitas escolas, de equipas de mediação escolar, arma essencial para o combate ao insucesso e abandono escolares.
O IAC é hoje um parceiro essencial para todas as iniciativas que visem lutar pela saúde e segurança das crianças e adolescentes em Portugal, como se pode verificar pela sua presença constante em reuniões científicas sobre o tema.
Pelas razões expostas, sou de opinião que se justifica plenamente a atribuição do III Premio Rey de España de Derechos Humanos ao Instituto de Apoio à Criança (IAC).