A importância do Apoio Psicológico e Psicoterapêutico nos Adultos – Quando os pais escolhem mudar!

Na notícia deste mês, decidimos abordar a importância do apoio psicológico e psicoterapêutico, especificamente no que se refere à população adulta. Neste sentido, conversámos com a Dr.ª Betina Galhardo, Técnica de Aconselhamento da Sociedade Portuguesa de Psicoterapias Breves (SPPB), acerca da sua colaboração com o IAC, onde tem promovido este apoio às mães e pais dos jovens em acompanhamento. 

A Dr.ª Betina auxilia as famílias de jovens na sua maioria adolescentes com problemas de controlo dos impulsos, que frequentemente passam à ação sem medir as consequências, adotando comportamentos de risco para si e para terceiros o que é causa de exacerbados conflitos familiares e sentimento de impotência por parte dos progenitores para lidar com a situação.   

A adolescência carateriza-se como uma fase bastante complexa na vida do indivíduo, uma vez que está marcada por um conjunto de alterações, desenvolvimentos e descobertas, sobretudo ao nível psíquico, o que resulta, na grande maioria dos casos que esta equipa acompanha, num afastamento entre o jovem e a família.  

É nesta perspetiva que surge o apoio psicoterapêutico cujo papel se afigura fundamental no que toca à clarificação da existência do problema em que o pai ou mãe pode ter um papel a exercer. Este processo pode passar pela mudança de alguns dos seus comportamentos e sentimentos, nomeadamente aceitando a individualidade do filho, a sua contrariedade (típica da adolescência), quer seja impondo as regras da casa antecipadamente, com consequências caso não sejam cumpridas, para que se possa apontar, em caso de incumprimento, que tal comportamento foi uma escolha do indivíduo que já sabia das consequências.  

Daí ser tão importante o dever paternal de perceber que a criança ou adolescente está a aprender ele mesmo a viver, mas que tem que cumprir regras, de convivência, de respeito,  mas sublinha-se, o que está em causa é que cumpram e respeitem. Se o faz contrariado, os progenitores devem escolher não reagir. Estes  não podem pretender controlar os sentimentos dos filhos, exigindo que façam tudo de bom grado (como ir estudar, tarefas domésticas, não sair à noite, chegar a horas) pois tal é estar sempre em conflito com um ser que se descobre e o progenitor corre o risco de cair na idealização de um filho que não existe, com a consequente desilusão permanente. 

Segundo a Técnica, qualquer pai ou mãe que tenha filhos a frequentar terapia, poderia ser acompanhado de igual forma, de modo a compreender o que poderia ser feito ou sentido de maneira a evitar o sofrimento. 

Primeiramente, fazendo com que o progenitor se sinta confirmado e possa falar dos seus medos e aflições sem receio de julgamentos, assegurando que os pais fazem o melhor que podem e conseguem com os meios que têm para educar os filhos procura-se substituir, quando exista, o sentimento de culpa pelo sentimento de responsabilização. Assim, num segundo momento, faz-se com que compreendam que não estão limitados neste processo de extremação dos conflitos e que podem mudar comportamentos e sentimentos que lhes aumentem a flexibilidade e a capacidade de aceitação, ou seja, que também eles podem escolher mudar. 

 

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