No passado dia 22 de junho, das 15h às 16h30, o Polo de Coimbra do Instituto de Apoio à Criança, em parceria com Setor da Humanização dos Serviços de Atendimento à Criança, realizou mais um fórum temático, no âmbito do Projeto de Mediação Escolar, dirigida às equipas da rede nacional de GAAF, e contou com a presença de 23 participantes. O momento formativo foi dinamizado pelas técnicas do IAC-Polo de Coimbra, Ana Vicente e Cristina Barros que apresentaram o projeto do IAC “Clube dos Amigos da Mediação”.
A escola é uma comunidade onde convivem pessoas de diferentes idades, proveniências, vivências e culturas e que os conflitos entre pares, entre jovens e adultos são frequentes e inevitáveis que, se bem trabalhados, podem possibilitar o desenvolvimento e a mudança comportamental. Deste modo, devem ser vistos como oportunidades de crescimento e aquisição de competências várias.
A mediação de pares para Schabbel (2002) é um processo que capacita um grupo de alunos de uma escola para atuarem como mediadores nas disputas de seus pares. Por estarem inseridos na escola e serem colegas, a mediação de pares não é aplicável a todos os contextos e também não é apropriada para todos os tipos de disputa. Porém, trata-se de um instrumento valioso para que alunos assumam um controle maior sobre suas vidas e habilidades para resolver problemas e disputas.
Neste sentido, parece fundamental que se criem estruturas na escola que vão de encontro às necessidades educativas dos dias de hoje, nomeadamente numa questão tão atual como a gestão dos conflitos, numa busca pelas questões da boa convivência e de uma cultura de paz. É, também, muito pertinente que se estabeleçam parcerias com diferentes estruturas da comunidade onde a escola se insere, nomeadamente, o município, entidades de saúde, policiais, rede social, instituições de solidariedade social, entre outras, que possam ser chamadas a intervir e a colaborar quando os recursos da escola se esgotam.
O paradigma punitivo, por si só, não resolve os problemas, não muda comportamentos, apenas os esconde. Assim, apostar na prevenção, no empoderamento e na remediação será mais benéfico, pois interessa, sim, que as crianças e os jovens aprendam a lidar com os problemas, a gerir as suas emoções e a desenvolver aprendizagens construtivas.
É neste enquadramento que surge a Mediação Escolar como método de resolução de conflitos, com recurso a um mediador – adulto, criança ou jovem – que, de forma imparcial, isenta e confidencial, ajuda as partes em conflito a encontrar uma solução mutuamente satisfatória para o problema. A ideia é que se produzam ambientes de aprendizagem mais seguros e que se promova o desenvolvimento de competências pessoais e sociais nas crianças e nos jovens. Assim, a figura do mediador aluno será uma boa aposta, pois muitos conflitos, nomeadamente os menos complexos, ficarão na esfera dos pares, com todas as vantagens decorrentes de um eficaz processo de autonomia, de capacitação e socialização.
Neste sentido, propõe-se a implementação de um Clube dos Amigos da Mediação.
Este clube poderá ser uma vertente prática de um Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), no âmbito do projeto de Mediação Escolar do Instituto de Apoio à Criança, e pretende ser mais um recurso da escola na promoção das questões do respeito pela diversidade, da paz e da não violência.
A ideia é sensibilizar e formar alunos sobre novas abordagens de gestão de conflitos, num processo voluntário, com vista ao desenvolvimento de competências de mediação entre pares e como estratégia de intervenção precoce sobre fenómenos de indisciplina e violência na escola. Para isso, propõe-se que se reúna com o grupo de alunos selecionados, uma vez por semana, sob a orientação de dois professores.