No passado dia 2 de março, demos continuidade ao projeto “Observar para Cuidar Júnior” (iniciativa do Grupo Comunitário do Bairro do Condado), que visa em termos gerais, a promoção de uma consciência mais ecológica, junto dos elementos mais novos da comunidade.
Desafiámos os nossos “Aventureiros” a calcorrear as ruas do Bairro do Condado, de máquinas fotográficas em punho, com o propósito de recolher imagens de situações em que o ambiente se encontrasse maltratado: lixo e dejetos de animais no chão, mobiliário urbano degradado, paredes grafitadas, etc.
Infelizmente, o ambiente mal estimado acaba por ser uma imagem de marca de territórios vulneráveis do ponto de vista económico e social, como se tratasse de um reflexo natural de um conjunto de vidas marcadas pela insegurança, instabilidade e baixa autoestima.
Um dos problemas reside na banalização do mau trato ambiental e nas muitas convicções que, por inércia, vão deixando o seu contributo: os papéis podem ir para o chão porque é necessário dar trabalho aos funcionários da Junta de Freguesia (“se não tivessem trabalho, iriam para o desemprego”); “cocó de cão no chão não faz mal, é biodegradável; até pode fazer bem, se for feito na relva (um adubo altamente nutritivo)”; “grafitis nas paredes? Porque não? Este é o nosso território, há-que comunicar ao mundo quem somos e aquilo que pensamos”; “restos de comida? Coitados dos pombos e das gaivotas! Também precisam de se alimentar.” “Reciclagem? Ouvi dizer que misturam tudo e depois queimam tudo….”
No final das contas, temos um território adoentado, com mau aspeto, que ajuda a reforçar estereótipos e a consolidar sentimentos de insegurança.
Quando a missão é identificar situações que não estão bem no nosso bairro, estamos a enfrentar o comodismo, a despertar consciências, a desenvolver o espírito crítico e, eventualmente, a surpreendermo-nos com o que encontrámos (como testemunham os 3,53 GB de informação captada pelas máquinas fotográficas). Acima de tudo estamos a exercer o Direito à Participação e a exercitar a Cidadania. Acreditamos que a inquietação que promovemos junto dos nossos jovens constitui uma semente de mudança que restaurará a dignidade, segurança e a autoestima do nosso bairro.